China desafia Europa: Motores a combustão ganharão sobrevida pós-2040 com foco em híbridos e tecnologia autônoma

China mantém motores a combustão vivos após 2040 com foco em híbridos

Enquanto o debate sobre o fim dos motores a combustão avança em ritmo acelerado na Europa, a China adota uma abordagem significativamente mais pragmática para as próximas décadas. O país, que detém o maior mercado automotivo do mundo, traçou um plano estratégico que visa manter os motores a combustão como parte fundamental da indústria, especialmente através de tecnologias híbridas.

O novo plano estratégico, denominado “Energy-Saving and New Energy Vehicle Technology Roadmap 3.0”, confirma que os motores a combustão não desaparecerão do cenário automotivo chinês. Pelo contrário, eles serão adaptados e integrados a sistemas elétricos, atuando como um suporte crucial para a transição energética, conforme divulgado pela Editora Abril.

A meta principal é que, até 2035, todos os novos carros de passeio vendidos com motor a combustão sejam, obrigatoriamente, híbridos. Essa exigência abrange desde os híbridos convencionais (HEV) até os híbridos plug-in (PHEV) e os veículos elétricos com extensor de autonomia (EREV). A projeção é que esses modelos ainda representem um terço das vendas totais de automóveis de passeio em 2040.

Motores a combustão como suporte de alta eficiência

A estratégia chinesa foca na transformação do motor de combustão interna, otimizando-o para alcançar níveis de alta eficiência. A ideia central é que o motor térmico deixe de ser o propulsor principal e isolado, passando a funcionar como um componente de suporte dentro de sistemas elétricos. Essa abordagem visa reduzir as emissões de poluentes sem comprometer a estabilidade da cadeia de suprimentos automotiva.

Segundo a China Society of Automotive Engineers (CSAE), essa flexibilidade tecnológica é essencial para garantir a competitividade global das marcas chinesas diante das rigorosas metas de descarbonização. A China projeta que as emissões de carbono do setor atinjam seu pico em 2028.

Queda drástica de emissões e avanço da tecnologia autônoma

A partir de 2028, espera-se uma queda expressiva, superior a 60%, nas emissões de carbono do setor automotivo chinês até 2040. Essa redução será impulsionada não apenas pela maior eficiência dos novos motores térmicos em sistemas híbridos, mas também pela digitalização e pela evolução dos métodos de produção automotiva.

Além das inovações na mecânica, o Roadmap 3.0 estabelece metas ambiciosas para a tecnologia embarcada nos veículos. A China almeja que veículos com nível 4 de condução autônoma, capazes de operar sem intervenção humana na maioria das situações, sejam comuns até 2040. As primeiras aplicações comerciais de nível 5, a autonomia total e irrestrita, são esperadas para o final da próxima década.

Convivência de tecnologias: um modelo chinês

Em contrapartida à Europa, que busca eliminar quase que por completo os motores a combustão até 2035, a China aposta na convivência pacífica entre diferentes tecnologias. O objetivo é que os veículos totalmente elétricos (BEV) dominem 80% do mercado em 2040, mas mantendo a infraestrutura e o suporte para os veículos híbridos. Essa estratégia representa tanto uma salvaguarda industrial quanto uma opção prática para os consumidores.

Essa abordagem pragmática da China, que inclui a manutenção e adaptação dos motores a combustão em sistemas híbridos, contrasta com a rota mais radical traçada pela Europa, evidenciando diferentes caminhos para o futuro da mobilidade sustentável.