Ford Abandona Sonho de “Carro Para Todos”: CEO Admite “Erro” ao Tentar Competir com Toyota e Hyundai em Preços Baixos

CEO da Ford revela mudança drástica na estratégia da montadora

A Ford, uma gigante automotiva com mais de um século de história, está redefinindo seu caminho. A ambição de ser uma montadora para todos, oferecendo carros acessíveis e populares, foi oficialmente deixada de lado. O próprio CEO da empresa, Jim Farley, admitiu que essa filosofia, que um dia foi um pilar estratégico, se mostrou insustentável diante da concorrência de rivais asiáticos.

A decisão marca o fim de uma era para a Ford, que agora prioriza uma linha de produtos mais enxuta, com foco em picapes robustas e veículos que apelam para o lado emocional dos consumidores. Essa mudança radical visa garantir a saúde financeira da empresa em um mercado cada vez mais competitivo.

Em uma entrevista ao jornal argentino La Nación, Jim Farley reconheceu que a tentativa de competir em todas as frentes, oferecendo uma linha completa de veículos, foi um erro estratégico. A estrutura de custos da Ford não se mostrou eficiente o suficiente para bater de frente com os preços competitivos de montadoras como Toyota, Hyundai e Kia. As informações foram divulgadas pelo Notícias Automotivas.

O Fim da “Democratização” do Automóvel pela Ford

A busca por oferecer carros “democráticos”, acessíveis a um público amplo, não resistiu à dura realidade dos custos de produção e das margens de lucro. Farley declarou que a ambição de ser uma fabricante de linha completa, como nos tempos do icônico Model T, foi “linda, mas tornou o negócio quase impossível”.

Essa constatação levou ao corte de modelos populares que não apresentavam o retorno financeiro esperado. Carros como Fiesta, Focus, Fusion e, mais recentemente, o Escape, foram retirados do mercado americano, sinalizando o abandono da estratégia de alto volume de vendas.

Menos Volume, Mais Lucro: A Nova Ford

A nova estratégia da Ford é clara: vender menos unidades, mas com maior valor agregado. A empresa agora aposta em produtos que geram desejo e, consequentemente, margens de lucro superiores. Exemplos dessa nova abordagem incluem modelos como o Mustang GTD, o Bronco Raptor e o F-150 Raptor R, veículos de alta performance e alto custo.

Os números comprovam essa virada. Entre 2013 e 2017, a Ford vendia mais de 6,3 milhões de veículos anualmente no mundo. A partir de 2018, esse volume caiu para menos de 6 milhões, despencando para 4,2 milhões em 2020 e se mantendo nesse patamar nos anos seguintes. Apesar da queda no volume total, as receitas da empresa foram impulsionadas por esses modelos de apelo forte.

O Legado de Henry Ford e o Futuro da Montadora

A missão original de Henry Ford, de “democratizar o automóvel” com o Model T, parece ter chegado ao fim com essa nova diretriz. A Ford, mais enxuta e seletiva, deixa claro que competir em preço com carros acessíveis já não faz parte de seus planos. O CEO da empresa considera que aceitar essa realidade foi um passo difícil, mas necessário para garantir o futuro da marca.

Essa mudança de foco, embora dolorosa, é vista como essencial para que a Ford possa prosperar em um cenário automotivo global em constante evolução. A aposta em emoção e valor agregado é o novo motor de suas vendas, distanciando-se da ideia de ser uma montadora para todos.