Indústria Automotiva Chinesa: Vendas Disparam, Mas Lucro Derrete para 4,4% em 2025, Revela Relatório

A indústria automotiva da China atravessa um momento complexo em 2025. Apesar de registrar vendas e produção em níveis recordes, a margem de lucro do setor atingiu a segunda menor marca histórica, apenas 4,4% nos primeiros onze meses do ano. Este cenário, que aponta para um crescimento em escala com forte pressão sobre a rentabilidade, levanta preocupações sobre a sustentabilidade do modelo de negócios.

O faturamento total da indústria automotiva chinesa alcançou a impressionante marca de R$ 7,9 trilhões, um aumento de 8,1% em comparação com o mesmo período do ano anterior. No entanto, os custos operacionais também dispararam, crescendo 9% e totalizando R$ 6,99 trilhões. Essa dinâmica resultou em um lucro acumulado de R$ 347,8 bilhões, um avanço modesto de 7,5%, que não acompanhou a elevação das despesas.

Em termos práticos, cada veículo vendido gerou uma receita média de R$ 254.380, mas deixou um lucro bruto de apenas R$ 11.060. Conforme divulgado pelo Notícias Automotivas, essa situação reflete um cenário de “crescimento em escala com pressão sobre a rentabilidade”, onde o aumento da produção e das vendas não se traduz em ganhos proporcionais.

Pressão por Custos e Guerra de Preços Devoram Lucratividade

A deterioração dos lucros na indústria automotiva chinesa é impulsionada por dois fatores principais. Primeiramente, o custo dos insumos, especialmente o preço volátil das baterias e o aumento dos custos de mão de obra, pressiona as margens. Em segundo lugar, a intensa concorrência interna entre veículos elétricos e modelos a combustão deflagrou uma guerra de preços agressiva, reduzindo os lucros a níveis mínimos.

Essa realidade afeta até mesmo as grandes montadoras. A Great Wall Motor, por exemplo, viu sua receita crescer quase 8% nos primeiros nove meses do ano, mas seu lucro líquido despencou 17% no mesmo período. A empresa atribui essa queda aos investimentos em canais de distribuição e à acirrada disputa por preços mais baixos no mercado.

Varejo em Crise e Elétricos Lutando por Sobrevivência

A situação no varejo é ainda mais crítica. De acordo com informações da mídia local Autohome, mais da metade das concessionárias chinesas opera no prejuízo. Além disso, mais de 70% dos modelos vendidos atualmente são comercializados com perda, evidenciando a brutalidade da guerra de preços.

Mesmo com o avanço dos veículos elétricos, que representam 47% da produção total entre janeiro e novembro com 14,53 milhões de unidades (um aumento de 27%), eles não são garantia de rentabilidade. Muitos modelos elétricos são vendidos com prejuízo, em uma tentativa desesperada de manter a participação de mercado diante de uma avalanche de lançamentos e descontos agressivos.

Novembro Traz Alívio Pontual, Mas Dilema Persiste

Novembro de 2025 apresentou um respiro para o setor. A receita do mês atingiu R$ 904,2 bilhões, um crescimento de 9,7% em relação ao mesmo período de 2024. Os custos somaram R$ 802,8 bilhões, e os lucros saltaram 39,2% na comparação anual, chegando a R$ 40,1 bilhões. A margem de lucro em novembro, de 4,4%, superou os índices de outubro (3,9%) e de novembro do ano anterior (3,3%).

A produção acumulada entre janeiro e novembro chegou a 31,09 milhões de veículos, um aumento de 11% em relação a 2024. Contudo, o dilema chinês persiste: produzir mais está se tornando uma armadilha se a conta final continuar no vermelho. A indústria automotiva da China precisa urgentemente buscar soluções estruturais para preservar seus lucros, indo além do simples aumento de escala, sob o risco de o crescimento vir acompanhado de ganhos cada vez menores.