Fraude em alta: Carros com hodômetro adulterado e quilometragens falsas disparam nos EUA
A compra de um carro usado geralmente se baseia em um número crucial: a quilometragem. Ela indica o quanto o veículo já rodou e, consequentemente, sua vida útil restante. No entanto, essa referência aparentemente confiável está sendo cada vez mais manipulada em larga escala nos Estados Unidos.
Um levantamento recente da CarFax revelou que aproximadamente 2,45 milhões de carros em circulação nos EUA podem ter seus hodômetros adulterados. Este número representa um aumento alarmante em comparação com anos anteriores, com as fraudes saltando 14% de 2024 para 2025, contra um crescimento de apenas 4% no ano anterior.
A facilidade de acesso a ferramentas de adulteração, a concorrência acirrada no mercado de usados e a ausência de fiscalização eficiente são os principais fatores que impulsionam essa prática. A digitalização dos hodômetros, que se esperava combater essas fraudes, acabou, ironicamente, facilitando a manipulação.
A sofisticação da fraude digital
Ao contrário dos antigos hodômetros mecânicos, os sistemas eletrônicos dos veículos mais novos são mais suscetíveis à adulteração. Ferramentas acessíveis online, com custo entre US$ 200 e US$ 300 (aproximadamente R$ 1.100 a R$ 1.650), conseguem “corrigir” a quilometragem digital em questão de segundos.
O resultado é um carro que aparenta ter rodado significativamente menos do que realmente percorreu. Essa manobra tem um custo financeiro direto para o consumidor. Segundo a CarFax, compradores de veículos com hodômetro adulterado pagam, em média, US$ 3.300 a mais (cerca de R$ 18.150) do que pagariam se a quilometragem real fosse informada.
Além do sobrepreço na compra, os consumidores enfrentam custos adicionais com manutenção e possíveis falhas prematuras de componentes, cujo desgaste é muito maior do que o indicado no painel.
Estados mais afetados pela fraude
A fraude de hodômetro adulterado tem se concentrado em estados com alta densidade populacional. Entre eles, destacam-se Califórnia, Texas, Flórida, Nova York e Pensilvânia. Estes estados registram um alto volume de transações de veículos usados, tornando-os alvos frequentes para esse tipo de golpe.
No entanto, o maior crescimento percentual da prática tem sido observado em estados menores. Delaware, Maine, Vermont, West Virginia e Montana têm apresentado um aumento expressivo no número de casos de hodômetros adulterados, indicando uma expansão geográfica da fraude.
Como identificar carros com quilometragem falsa
A detecção de veículos com hodômetros adulterados é um desafio, especialmente com os sistemas eletrônicos que sobrescrevem os dados originais. Um histórico completo do veículo, como os fornecidos por serviços como a CarFax, pode ajudar a identificar inconsistências.
Contudo, o relatório por si só pode não ser suficiente. Especialistas recomendam uma inspeção física minuciosa do carro. Sinais de desgaste que não condizem com a quilometragem informada, como volante desgastado, bancos deformados, pedais lisos e a ausência de um histórico de manutenção claro, devem servir como alertas.
A lição para quem busca um carro usado é clara: não confie cegamente no número exibido no painel. A era digital, ao invés de erradicar o golpe do hodômetro, o tornou mais sofisticado e perigoso, enganando até mesmo os consumidores mais atentos.
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