A Saga das Picapes Chevrolet A-20, C-20 e D-20 no Brasil: Ícones que Marcaram Gerações e Definiram um Legado de Força e Confiabilidade

A história das picapes Chevrolet no Brasil é rica e repleta de modelos que se tornaram verdadeiros ícones. Entre elas, a linha Série 10/20, composta pelas versões A-20, C-20 e D-20, ocupa um lugar de destaque. Lançada em 1985, essa família de utilitários não apenas herdou o prestígio da marca, mas também introduziu inovações que moldaram o segmento.

Com um design que remetia às robustas picapes americanas, a Série 10/20 trouxe para o mercado brasileiro um estilo marcante e soluções técnicas que agradaram a um público diversificado. A combinação de força, conforto e versatilidade foi a receita de sucesso que perdurou por mais de uma década.

Nesta matéria, vamos mergulhar na trajetória dessas picapes lendárias, explorando suas origens, motorizações, inovações e o impacto duradouro que deixaram no mercado automotivo brasileiro. Conforme apurado em informações sobre a linha, a Chevrolet Série 10/20 se consolidou como um marco.

Origens e Influências da Série 10/20

A General Motors, presente no Brasil desde 1925, iniciou a produção de utilitários em 1958 com a picape Chevrolet 3100, conhecida como Brasil. Essa foi sucedida pela C-14 em 1964, que posteriormente deu nome à C-10. Essas precursoras, com estilo nacional, motor de seis cilindros e suspensão dianteira independente, mantiveram-se praticamente inalteradas até 1985.

Foi nesse ano que a GM apresentou a nova linha Série 10/20, que adotou um visual alinhado às picapes americanas da época. Linhas retas, para-brisa inclinado e um conjunto óptico dianteiro que compartilhava elementos com o Chevrolet Opala foram características marcantes. Os motores seis cilindros a álcool (A-10/A-20) e gasolina (C-10/C-20) também eram provenientes do Opala, conferindo familiaridade mecânica.

Desempenho, Capacidade e Conforto

A capacidade de carga da Série 10/20 variava entre 750 kg na Série 10 e 1.020 kg na Série 20, com opções de entre-eixos de 2,92 m ou 3,23 m. A concepção técnica permanecia tradicional, com chassi de longarinas, tração traseira e eixo rígido, além de suspensão dianteira independente. A Série 20 se destacava por oferecer motor diesel, o Perkins Q20B, apesar de sua vibração elevada e desempenho modesto.

Surpreendentemente, a D-20, com motor diesel, respondia por mais de 75% das vendas, demonstrando a demanda por essa configuração. As versões a álcool e gasolina, C-20 e A-20, ofereciam bom desempenho e suavidade de funcionamento, embora o consumo de combustível demandasse reabastecimento frequente do tanque de 88 litros.

Inovações e Expansão de Modelos

A linha oferecia versões básica e Custom, sendo que esta última se diferenciava pelo acabamento mais elaborado e pintura em dois tons. O painel era envolvente em plástico, e a cabine se destacava pela amplitude, ventilação forçada, ar quente e desembaçador. Soluções como teto basculante e janela traseira corrediça aumentavam o conforto.

No uso, as picapes eram elogiadas pela dirigibilidade e conforto, com suspensão macia e comandos leves. Os freios a disco ventilados na dianteira eram um ponto forte. A direção hidráulica e o câmbio de cinco marchas eram opcionais que aprimoravam a experiência de condução. A popularidade da Série 10/20 impulsionou a criação de versões de cabine dupla, com o projeto sendo desenvolvido pela Brasinca e, posteriormente, incorporado pela GM.

Legado e Evolução até 1997

A linha Série 10/20 passou por importantes atualizações ao longo de sua trajetória. Em 1989, a tração 4×4 foi introduzida, embora com baixa aceitação devido a problemas de confiabilidade. Em 1991, a D-20 ganhou o motor Maxion S4 turbinado, em resposta à chegada do turbo na Ford F-1000. As versões A-20 e C-20 receberam quinta marcha, mas a concorrência se intensificou com a nova geração da F-1000.

A reestilização de 1993 trouxe faróis trapezoidais e aprimoramentos como direção hidráulica com controle eletrônico e embreagem hidráulica. O painel foi redesenhado, e a lista de equipamentos de série se expandiu com trio elétrico, alarme e rodas de liga leve. A linha se despediu do mercado em 1997, com as últimas unidades saindo de Córdoba, na Argentina, após deixarem um legado de força e confiabilidade.