Biodiesel B15: A Borra que Assombra Caminhões e Picapes a Diesel? Entenda os Riscos e Cuidados Essenciais

A crescente adoção do biodiesel no diesel, impulsionada por benefícios ambientais, tem levantado preocupações entre proprietários de veículos a diesel. A mistura, que atingiu 15% (B15), pode estar associada a problemas como a formação de borra, entupimento de filtros e perda de potência, afetando principalmente caminhões e picapes.

Relatos de frotistas indicam que o diesel com maior teor de biodiesel absorve mais água, um fator que contribui para a corrosão e contaminação do sistema de injeção. Essa umidade pode levar a danos em componentes cruciais como bicos injetores e bombas, gerando custos de manutenção elevados e interrupções na operação.

Essas informações foram compiladas a partir de análises de especialistas e relatos de usuários, que apontam a necessidade de atenção redobrada com a manutenção preventiva e o uso correto do combustível. Os riscos, embora presentes, podem ser mitigados com práticas adequadas de cuidado com o veículo e o abastecimento.

Borra e Corrosão: Os Inimigos Invisíveis do Sistema Diesel

O aumento da proporção de biodiesel no diesel, conhecido como B15, tem sido associado ao surgimento de borra nos tanques de veículos pesados. Marco Correa, gerente de logística de uma frota de oito caminhões a diesel, compartilha sua experiência: seus veículos passaram a apresentar borra, levando ao entupimento do filtro Racor, responsável por separar água e impurezas. Essa contaminação resulta em perda de potência e corrosão no sistema de injeção, exigindo reparos em componentes como os bicos injetores.

Correa relata que, antes, seus veículos chegavam a rodar 700.000 km sem necessidade de manutenção nas bombas injetoras, mas neste ano já precisou intervir três vezes. A característica higroscópica do diesel, intensificada pela presença de biodiesel, faz com que o combustível absorva umidade, um problema que pode ser agravado por longos períodos de permanência do combustível no tanque.

Cuidados Essenciais para Evitar Problemas com o Biodiesel B15

Especialistas recomendam atenção especial ao armazenamento e uso do diesel com maior teor de biodiesel. Fernando Fusco, professor de engenharia mecânica da FEI, sugere evitar deixar o tanque com combustível por mais de 30 dias sem uso. A drenagem periódica da água acumulada no filtro de combustível também é uma prática crucial, muitas vezes indicada pelo painel do veículo.

Camilo Adas, conselheiro de tecnologia e transição energética da SAE Brasil, reforça que os riscos associados ao B15 são semelhantes aos de qualquer combustível quando não há boas práticas de manutenção. Ele destaca que o B15, armazenado adequadamente, pode manter suas características químicas por até três meses. A chave está na prevenção e no seguimento rigoroso dos planos de manutenção.

Limpeza do Tanque: Uma Solução para Contaminações Severas

Em casos de contaminação severa, quando a simples drenagem do filtro não é suficiente, a limpeza do tanque de combustível se torna necessária. Essa prática, recomendada para qualquer tipo de combustível, envolve a retirada do tanque para lavagem com descontaminantes e jatos de água sob pressão, seguida de secagem. O custo dessa manutenção pode chegar a cerca de R$ 600 por veículo, como relata o frotista Correa.

A periodicidade da lavagem varia conforme o uso do veículo e a qualidade do diesel consumido, sendo a necessidade frequentemente identificada durante manutenções preventivas ou quando o filtro de combustível apresenta acúmulo de impurezas. A manutenção preventiva é a melhor forma de evitar custos maiores com reparos emergenciais.

Aditivos e Manutenção: Pilares para a Longevidade do Motor

Quanto ao uso de aditivos, o professor Fusco esclarece que o biodiesel já deve conter aditivos antioxidantes conforme regulamentação da ANP. O uso de aditivos pelo proprietário do veículo deve se restringir aos indicados pelos fabricantes no manual, sendo dispensável em condições normais de uso. A SAE Brasil desaconselha o uso de aditivos improvisados, priorizando apenas aqueles homologados por fabricantes de combustíveis ou montadoras.

A manutenção rigorosa do veículo, seguindo o plano estabelecido pelo fabricante, é fundamental. Isso inclui a escolha correta do combustível e dos lubrificantes, garantindo a integridade dos sistemas de pós-tratamento de emissões e a longevidade do motor. Veículos mais antigos, inclusive, podem se beneficiar do biodiesel, que contribui para a redução da emissão de fumaça preta.