Ford F-150 Elétrica Morre: Gigante Automobilística Abandona Elétricos Puros nos EUA e Volta aos Motores a Gasolina e Híbridos

A gigante automobilística Ford anunciou uma reviravolta surpreendente em sua estratégia global, confirmando o fim da produção da F-150 Lightning, sua aposta no segmento de picapes elétricas. A decisão marca uma mudança drástica, com a empresa redirecionando investimentos bilionários para o desenvolvimento de motores a gasolina e híbridos, especialmente nos Estados Unidos.

Essa guinada estratégica surge após a divisão de veículos elétricos da Ford, a Model e, registrar prejuízos significativos, estimados em US$ 5 bilhões apenas em 2024. A companhia agora foca em tecnologias que, segundo a própria Ford, “nunca se desenvolveram da maneira imaginada” no mercado de elétricos puros.

Conforme divulgado pela própria Ford, a F-150 Lightning, que teve sua produção interrompida em outubro, não retornará. Em seu lugar, a montadora investirá cerca de US$ 19,5 bilhões para priorizar modelos híbridos e a combustão, buscando maior rentabilidade e alinhamento com a demanda atual do mercado.

Adeus à F-150 Elétrica Pura, Olá aos Híbridos de Longa Autonomia

A F-150 Lightning, mesmo com seu potencial, sai de cena após menos de quatro anos de mercado. No entanto, a Ford não abandonará completamente a eletrificação de sua picape mais vendida. O projeto de uma nova geração da Lightning foi cancelado para dar lugar a um inovador veículo elétrico de autonomia estendida (EREV).

Essa tecnologia EREV utiliza um motor a combustão que atua exclusivamente como gerador para recarregar as baterias, sem conexão mecânica direta com as rodas. A tração permanece 100% elétrica, mas com a vantagem da autonomia estendida proporcionada pelo tanque de combustível, semelhante ao conceito da Ramcharger. Este novo modelo será fabricado em Michigan e ainda não tem data de estreia definida.

A solução EREV visa solucionar a “ansiedade de autonomia”, uma preocupação comum entre usuários de picapes para trabalho pesado ou reboque. Além disso, reduz a dependência de grandes e pesados pacotes de baterias, o que tende a diminuir o custo final do veículo. A Ford projeta que esta nova F-150 Lightning EREV oferecerá mais de 700 milhas de autonomia, o equivalente a aproximadamente 1.125 km.

Readequação de Fábricas e Nova Estratégia de Produção

Essa mudança de rota impacta diretamente o complexo BlueOval City, no Tennessee, originalmente planejado para ser uma fábrica exclusiva de elétricos a partir de 2028. A unidade agora será responsável pela produção de uma nova picape a gasolina, descrita como “acessível”, a partir de 2029. Trata-se de um modelo inédito no portfólio atual da Ford.

A unidade de Ohio também passará por readequação. A van elétrica de nova geração, prevista para 2028, foi descartada. Em seu lugar, a fábrica montará uma nova linha de vans comerciais com motorização híbrida e a gasolina a partir de 2029. A fábrica de baterias em Kentucky, antes em joint-venture com a SK On, agora será 100% controlada pela Ford e focará em sistemas de armazenamento de energia, com células de fosfato de ferro-lítio (LFP) destinadas a data centers e residências.

Ford Mantém Eletrificação na Europa com Parceria Estratégica

Apesar da mudança de foco nos Estados Unidos, a Ford não abandona completamente a eletrificação em escala global. Na Europa, onde a empresa busca recuperar participação de mercado, uma aliança estratégica foi firmada com a Renault. O acordo prevê o desenvolvimento de dois novos veículos elétricos acessíveis, utilizando a plataforma AmpR Small, a mesma do Renault 5.

O primeiro modelo resultante dessa parceria será o sucessor do Ford Fiesta, confirmado para 2028. Produzidos na França, esses carros focarão em custo-benefício, com baterias de química LFP (Fosfato de Ferro-Lítio) de 40 a 52 kWh. A Ford promete, no entanto, uma calibração exclusiva de suspensão e direção para garantir a dinâmica esportiva característica da marca.

O CEO da Ford, Jim Farley, classificou a mudança de estratégia como um “deslocamento impulsionado pelo cliente”, visando alocar capital em produtos de maior margem e retorno garantido. A meta da empresa é que, até 2030, 50% de seu volume global seja composto por híbridos, elétricos de autonomia estendida e elétricos puros, um avanço em relação aos 17% atuais, mas com uma composição mais conservadora do que o planejado anteriormente.

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