Ford Galaxie LTD: O Luxuoso Sedã que Introduziu o Câmbio Automático no Brasil e Redefiniu o Conforto nos Anos 70

Nos anos 1960, importar um sedã de luxo era um privilégio, mas mantê-lo no Brasil era um desafio. A falta de peças e de mão de obra especializada tornava a tarefa árdua. Em um cenário dominado por carros mais modestos, como o Fusca e o DKW, o sonho de um carro com espaço, conforto e um motor potente parecia distante dos importados.

A Ford vislumbrou uma oportunidade para atender a essa demanda reprimida e decidiu lançar um carro que pudesse competir em sofisticação e desempenho. Assim nasceu o Ford Galaxie LTD, introduzido na linha 1969. Ele não era apenas um carro, mas um símbolo de luxo e tecnologia para a época, prometendo uma experiência de condução inédita no mercado brasileiro.

Este sedã de luxo, com seu motor V8 e acabamento impecável, não só preencheu uma lacuna no mercado, mas também estabeleceu novos padrões de conforto e tecnologia. Conforme divulgado pela QUATRO RODAS, o Ford Galaxie LTD foi o pioneiro em trazer o câmbio automático para a produção nacional, marcando o início de uma nova era automotiva no Brasil.

O Início de uma Era: Luxo e Tecnologia Automática

O Ford Galaxie LTD estreou com o potente motor V-Block 4.8, capaz de entregar 190 cv. Mais do que a força bruta, o grande diferencial foi a introdução do câmbio automático de três marchas, uma inovação que o colocou à frente de seus concorrentes. O interior era um convite ao conforto, com direção hidráulica, ar-condicionado, banco traseiro com apoio de braço central e detalhes em jacarandá-da-baía nas portas e no painel.

Externamente, o LTD se destacava pelo teto de vinil preto, uma grade redesenhada e frisos exclusivos, que reforçavam sua identidade luxuosa. Essas características, combinadas, criaram um carro que não apenas impressionava pela aparência, mas também pela experiência de dirigir e ser passageiro, redefinindo o conceito de luxo no país.

Avaliações de Lendas e Evolução Constante

Entre 1969 e 1971, o Galaxie LTD passou por rigorosas avaliações de pilotos renomados como Stirling Moss, Jackie Stewart, Colin Chapman e Emerson Fittipaldi. As impressões desses ícones, publicadas pela QUATRO RODAS, elogiaram o conforto, o silêncio a bordo e o acabamento refinado do veículo. As críticas, quando surgiram, apontavam para os freios, o desempenho em curvas e a estabilidade, indicando que o LTD era projetado para um prazer de dirigir mais sereno, e não para competições.

A Ford não se acomodou e continuou a aprimorar o modelo. Em 1971, o LTD evoluiu para o LTD Landau, com um vidro traseiro menor e um adorno na coluna que simulava a dobradiça de um capota. Os freios também receberam melhorias, tornando-se servoassistidos. As mudanças visuais prosseguiram, com lanternas trapezoidais e piscas integrados à grade na linha 1973. A grande atualização veio em 1976, com faróis horizontais, seis lanternas traseiras e um design inspirado na Lincoln, além do motor V8 5.0 de 199 cv.

O Legado de um Ícone Automotivo

A partir de 1976, o LTD assumiu uma posição intermediária na linha Galaxie, separando-se do Landau. Era possível escolher a cor do teto de vinil, entre preto ou areia. O ano de 1979 trouxe o ar-condicionado integrado ao painel, e em 1980, o modelo ganhou uma versão a álcool, que oferecia mais torque em baixas rotações e maior potência em altas, apesar do consumo elevado.

O Ford Galaxie LTD encerrou sua produção em 1981, enquanto o Landau seguiu até 1983. Ambos deixaram um legado duradouro, consolidando-se como referências em maciez de rodagem e espaço interno entre os carros nacionais. O Galaxie LTD, com sua tecnologia pioneira e seu luxo inegável, abriu as portas para a era dos carros automáticos no Brasil, influenciando gerações futuras de veículos.

Ficha Técnica – Ford Galaxie LTD 1976

O Ford Galaxie LTD 1976 contava com um motor V8 longitudinal de 4.950 cm³, alimentado por um carburador duplo, entregando 199 cv a 4.000 rpm e um torque de 30,6 mkgf a 2.800 rpm. A transmissão era automática de 3 marchas, com tração traseira. Suas dimensões eram impressionantes: 5.413 mm de comprimento, 1.999 mm de largura e 1.412 mm de altura, com um peso de 1.834 kg. Em testes da QUATRO RODAS em julho de 1972, o modelo atingia 100 km/h em 14,4 segundos, com velocidade máxima de 156,9 km/h e consumo de 3,5 km/l na cidade e 5,2 km/l na estrada.

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