Fundador da Koenigsegg desafia a era elétrica: Híbrido a diesel com combustível renovável seria mais sustentável que EVs, diz ele

Em meio à forte tendência de eletrificação na indústria automotiva, Christian von Koenigsegg, o visionário por trás da Koenigsegg, uma fabricante de hipercarros, apresentou uma perspectiva contrária. Ele defende que os sistemas híbridos a diesel, especialmente quando alimentados por combustíveis renováveis, podem oferecer vantagens significativas em termos de sustentabilidade e eficiência quando comparados aos veículos elétricos a bateria.

A declaração foi feita durante o Goodwood Festival of Speed, um evento de prestígio para entusiastas de automóveis. Koenigsegg acredita que a indústria está focando excessivamente em uma única solução, negligenciando outras vias que poderiam ser mais benéficas para o meio ambiente e para a experiência de condução a longo prazo.

Segundo o fundador da Koenigsegg, em entrevista ao site CarBuzz, a chave para sua argumentação reside na combinação inteligente de tecnologias. Ele propõe um sistema híbrido onde um motor a diesel, utilizando HVO (óleo vegetal hidrotratado) como combustível, seria responsável por uma parcela mínima do uso, enquanto a maior parte das demandas seria atendida por uma bateria de menor capacidade. Essa abordagem, segundo ele, resultaria em veículos mais leves e, consequentemente, mais eficientes e com menor impacto ambiental ao longo de seu ciclo de vida.

Menos peso, mais eficiência com híbrido a diesel

A proposta de Koenigsegg é clara: uma bateria de tamanho médio seria suficiente para cobrir cerca de 95% das necessidades diárias de condução em ambientes urbanos. Para os 5% restantes, como viagens mais longas ou trajetos fora da cidade, o motor a diesel entraria em ação. O grande trunfo, segundo o engenheiro sueco, é a drástica **redução de peso**, estimada em aproximadamente 300 kg a menos em comparação com um veículo elétrico a bateria tradicional. Esse menor peso, por si só, já representa um avanço ambiental considerável.

O desafio do preconceito e da complexidade

Apesar dos argumentos técnicos de Koenigsegg, a indústria automotiva tem demonstrado relutância em revisitar o conceito de híbridos a diesel. Desde o escândalo do Dieselgate, os motores a diesel enfrentam um forte estigma, especialmente nos Estados Unidos, onde a palavra “diesel” se tornou quase um tabu. Tentativas anteriores de marcas como Jaguar e Mercedes-Benz com híbridos a diesel não obtiveram sucesso, enfrentando obstáculos como a complexidade mecânica, altos custos de produção e desafios térmicos, já que motores a diesel precisam atingir temperaturas operacionais específicas para funcionar eficientemente, algo difícil em sistemas que ligam e desligam o motor frequentemente.

Lucro versus sustentabilidade real

Koenigsegg reconhece a complexidade da sua proposta, mas a defende com um argumento técnico e ecológico. Ele afirma que, do ponto de vista da massa total do veículo, um sistema híbrido a diesel com uso limitado de combustível renovável pode ser mais simples e gerar menor impacto ambiental ao longo de dez anos. Essa discussão se alinha com a tendência de extensores de autonomia, onde motores a combustão são usados para gerar energia para veículos elétricos, como visto em modelos da Ram e futuros veículos da Scout Motors. No entanto, essas propostas atuais utilizam motores a gasolina, principalmente por serem mais baratos, mais familiares aos engenheiros e terem menos barreiras regulatórias.

Para Christian von Koenigsegg, a indústria está priorizando o lucro e a simplicidade em detrimento do impacto ambiental real. Ele alerta que a crença de que “elétrico é sempre melhor” ignora fatores cruciais como o peso dos veículos, os materiais utilizados na fabricação das baterias e a origem da energia que as carrega. Enquanto o mercado automotivo aposta tudo nos elétricos a bateria, o criador de modelos icônicos como o Regera e o Jesko propõe uma reflexão incômoda: será que não estamos ignorando soluções mais eficientes e sustentáveis por pura conveniência e preconceito?