A expectativa de que a nova mistura de etanol na gasolina pudesse reduzir os preços nos postos brasileiros parece não ter se concretizado. Desde a implementação da gasolina E30, o valor do combustível tem se mantido estável, sem as quedas projetadas inicialmente. Agora, um novo fator de aumento se avizinha: a elevação do ICMS em 2026 promete encarecer ainda mais o litro da gasolina comum.
A mudança para a gasolina com 30% de etanol, aprovada pelo governo federal, visava reduzir a dependência do Brasil da importação de gasolina e tornar os veículos menos poluentes. No entanto, os dados de preços coletados por fontes independentes indicam que o efeito prático nas bombas tem sido mínimo, gerando frustração entre os consumidores que esperavam um alívio no bolso.
Especialistas apontam para uma complexa interação de fatores que impedem a redução dos preços, incluindo o aumento do custo do próprio etanol anidro e a livre definição de preços pelos postos. Com o aumento previsto para o ICMS no início de 2026, a tendência é de alta, e não de queda, para o preço da gasolina, conforme apurado pela Autoesporte.
Gasolina E30: A Promessa Não Cumprida de Redução de Preços
A partir de março, observou-se uma sequência de quedas no preço da gasolina comum até agosto, mês em que a gasolina E30, com 30% de etanol anidro, entrou em vigor. Naquele período, o preço médio do litro era de R$ 6,19. Curiosamente, o valor se manteve em setembro e teve uma leve alta de R$ 0,01 em outubro. Ao final do ano, em dezembro, a média retornou para R$ 6,19, demonstrando um equilíbrio nos valores ao longo do ano, sem a expressiva redução esperada.
A análise comparativa revela que, no início de 2025, a redução acumulada desde a implementação da E30 é de apenas R$ 0,02. A média anual do litro da gasolina em 2024 ficou em R$ 6,24, um valor que não reflete a expectativa de economia prometida com a nova mistura. Esse cenário desmente as projeções iniciais que apontavam para uma queda mais significativa.
Etanol Mais Caro e Margens Apertadas: Obstáculos à Queda do Preço da Gasolina
Para entender por que a gasolina não ficou mais barata, a Autoesporte consultou o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) e o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). O IBP, ao acompanhar os cálculos do governo, notou uma discrepância entre as estimativas oficiais de redução de R$ 0,20 por litro (posteriormente ajustadas para R$ 0,13) e os dados internos que indicavam um possível aumento de R$ 0,01.
Um dos principais fatores que interferem nessa conta é o aumento do preço do etanol anidro durante o período de adoção da gasolina E30. Ana Mandelli, diretora executiva do IBP, explica que a lei da oferta e demanda tem um papel crucial. “Se vão precisar de mais etanol para produzir a gasolina, aumenta-se a procura. As margens são apertadas, é um negócio de escala em que tudo pode interferir no preço”, afirma.
Pedro Rodrigues, especialista do CBIE, complementa que a variação do preço é imprevisível no Brasil. “No Brasil, os postos de combustível são livres para determinar o preço. Existem custos pulverizados no preço da gasolina que vão além do próprio valor do litro”, pontua.
Aumento do ICMS em 2026: Mais um Peso no Preço da Gasolina
O cenário de preços estagnados ou em leve alta pode piorar a partir de janeiro de 2026. Haverá uma elevação de R$ 0,10 por litro no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrado sobre a gasolina. O tributo estadual passará de R$ 1,47 para R$ 1,57. Com isso, o valor final do litro da gasolina comum tem previsão de subir para, no mínimo, R$ 6,34.
Este será o segundo ano consecutivo de aumento do ICMS sobre os combustíveis. Em fevereiro deste ano, já havia ocorrido uma elevação do imposto, sinalizando uma tendência de maior carga tributária sobre o setor. Essa nova alta representa um desafio adicional para os consumidores, que já sentem o impacto da volatilidade dos preços.
Motivações da Gasolina E30: Menos Importação e Menos Poluição
A decisão do governo federal de aumentar a mistura de etanol na gasolina para 30% foi motivada por duas razões principais. Primeiro, a busca por maior autonomia energética. Ao adicionar mais etanol, um produto amplamente produzido no Brasil, o país se torna menos vulnerável às flutuações internacionais do preço do petróleo, que é negociado em dólar. Enquanto o Brasil é autossuficiente em cana-de-açúcar e seus derivados, ainda há necessidade de importar gasolina para suprir a demanda interna.
O segundo motivo reside na preocupação ambiental. A nova mistura de etanol na gasolina promete tornar os carros menos poluentes, conforme comprovado em testes pela ANP. Embora não tenha sido divulgado um estudo detalhado sobre o impacto específico na redução de gases de efeito estufa, a intenção é clara em promover uma frota mais limpa. Estimativas do governo indicam que a transição do E27 para o E30 pode evitar a importação de 760 milhões de litros de gasolina anualmente, ao mesmo tempo em que o Brasil amplia sua produção nacional de etanol em 1,5 bilhão de litros, com um investimento de R$ 9 bilhões no setor.
O Futuro da Gasolina no Brasil: Custo e Incertezas
Apesar dos esforços para aumentar a produção de etanol e reduzir a dependência de importações, a realidade nas bombas para o consumidor brasileiro continua sendo de preços elevados e incertos. A combinação do aumento do custo do próprio etanol, a livre definição de preços pelos postos e a crescente carga tributária, como o ICMS, criam um cenário desafiador para a estabilidade dos valores da gasolina.
Enquanto especialistas divergem sobre a previsibilidade do mercado de combustíveis no Brasil, uma coisa é certa: os consumidores devem se preparar para possíveis novos aumentos. A expectativa de que a gasolina E30 traria um alívio imediato não se concretizou, e a perspectiva para 2026 aponta para uma continuidade da tendência de alta, impactada diretamente pelas decisões fiscais dos estados.
A busca por soluções que garantam preços mais acessíveis e estáveis para a gasolina é um tema recorrente no debate público e econômico do país. A relação entre o preço do petróleo, a produção de biocombustíveis, a política de preços das refinarias e a carga tributária estadual forma um complexo quebra-cabeça, cujas peças ainda precisam ser ajustadas para beneficiar o consumidor final.
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