Após um longo hiato de sete anos, o Salão do Automóvel retornou em 2025, trazendo consigo uma onda de expectativas e, inevitavelmente, um balanço de acertos e erros. A 31ª edição do evento, realizada no Distrito Anhembi, apresentou um cenário automotivo em transformação, com a ascensão de novas tecnologias e a consolidação de marcas que antes eram coadjuvantes.
Apesar de celebrar a volta do evento, que teve sua organização adiada diversas vezes devido à pandemia e à crise de semicondutores, a edição de 2025 levantou debates sobre o futuro e a relevância do Salão do Automóvel. A forte presença de fabricantes chinesas, por exemplo, dominou os holofotes, enquanto a ausência de pesos-pesados do mercado automobilístico global deixou um vazio considerável.
A matéria original, publicada pela Autoesporte, detalha os principais aspectos desta edição, analisando tanto os pontos que encantaram o público quanto aqueles que deixaram a desejar e precisam de atenção para a próxima edição, agendada para 2027. Acompanhe os detalhes do que funcionou e o que precisa ser aprimorado.
A Ascensão Chinesa e a Ausência de Tradicionais Gigantes
Um dos aspectos mais marcantes do Salão do Automóvel 2025 foi a notável presença de marcas chinesas, que praticamente dominaram a exposição. Para muitas delas, como Caoa Changan e MG Motor, foi a oportunidade de se apresentar oficialmente ao público brasileiro em grande estilo. Essa invasão asiática, aliada à ausência de montadoras tradicionais como Volkswagen, Ford e Chevrolet, transformou a dinâmica do evento.
A falta de marcas de peso no segmento premium, como BMW, Audi, Mercedes-Benz, Jaguar e Land Rover, também foi sentida. Embora a Porsche tenha marcado presença de forma discreta em um lounge exclusivo, a dispersão de marcas foi um dos pontos negativos mais evidentes, como aponta a Autoesporte. Essa ausência de nomes consolidados afetou a importância geral do Salão, que em outras edições contou com lançamentos grandiosos e a celebração de marcos importantes, como o centenário da GM no Brasil, que, apesar de comemorado, não impulsionou uma participação mais expressiva da marca.
Oportunidades de Conhecer Novidades e o Desafio do Test-Drive
Apesar das ausências, o Salão do Automóvel 2025 ofereceu aos visitantes a chance de conhecer de perto modelos importantes e ainda pouco frequentes nas ruas brasileiras. O Renault Boreal, eleito Carro do Ano 2026, e o Honda WR-V foram destaques, assim como lançamentos de peso que só chegarão às lojas no próximo ano, como o Toyota Yaris Cross e o Jeep Avenger. Para os entusiastas de carros chineses, o evento foi um prato cheio, com diversas novidades expostas.
No entanto, a experiência de test-drive apresentou limitações significativas. Diferentemente de edições anteriores, onde um espaço externo proporcionava um circuito mais realista, neste ano, a pista de testes foi fechada e restrita ao interior do pavilhão. A duração média de 15 minutos e a velocidade máxima de 20 km/h, além da pista off-road simulada sem um grão de terra, deixaram a desejar. A fila para a atividade também pode desencorajar alguns visitantes, sugerindo a importância de agendar o teste logo cedo.
Infraestrutura e a Polêmica da Lecar
A infraestrutura de apoio ao visitante também foi alvo de críticas. O estacionamento oficial, localizado no Distrito Anhembi, cobrava R$ 80 pela diária, um valor considerado alto, e, para piorar, era descoberto, expondo os veículos ao sol. Um ponto especialmente criticado foi a ausência de infraestrutura de recarga para carros elétricos e híbridos, uma falha inaceitável em um Salão do Automóvel focado em novas tecnologias. Essa é uma questão crucial a ser revista para a edição de 2027.
Outro ponto polêmico foi a participação da Lecar, uma marca brasileira que prometia apresentar um carro funcional pela primeira vez. No entanto, o que foi exposto foram apenas mocapes não funcionais dos SUVs 459 e da picape Campo, feitos com materiais precários. A marca já aceitava pedidos, cobrando R$ 159 mil por um veículo sem fábrica definida, com a inauguração do complexo industrial adiada para 2027. A coletiva de imprensa da Lecar também foi marcada por declarações controversas do CEO, que pouco abordou a tecnologia dos veículos e fez comparações com outros modelos.
Um Salão Menor e Menos Arrojado
Comparado a edições anteriores, como a de 2018, o Salão do Automóvel 2025 apresentou uma redução significativa em sua área de exposição. Enquanto em 2018 o evento contava com 110 mil m², em 2025 as marcas foram acomodadas em modestos 66 mil m². Essa diminuição de espaço se refletiu em um evento menos grandioso e atrativo.
A Autoesporte relembra que em 2018, estandes como o da Mercedes-Benz possuíam dois andares, com áreas exclusivas para convidados, coquetéis e DJs, enquanto a Nissan utilizou baterias de seus próprios carros para alimentar seu espaço. Ações inteligentes, como estacionamento gratuito para proprietários de Toyota e ingressos como cortesia na compra de veículos, eram comuns e agregavam valor à experiência do visitante. Em 2025, essas iniciativas pareceram mais escassas, tornando o Salão mais simples e menos impactante.
O Futuro do Salão do Automóvel: Preparativos para 2027
Apesar dos pontos de melhoria, o Salão do Automóvel já tem sua próxima edição confirmada para acontecer entre 30 de outubro e 7 de novembro de 2027, novamente no Distrito Anhembi. Igor Calvet, presidente da Anfavea, e Fernando Fisher, CEO da RX Américas, expressaram otimismo com o retorno do evento e anunciaram que pelo menos dez empresas já confirmaram presença em 2027, com outras duas demonstrando intenção de retornar.
A história do Salão do Automóvel é marcada por adiamentos, desde 2020, devido à pandemia e à crise de semicondutores. A tentativa de criar o São Paulo Motor Experience (SPMXP) em 2022 também foi cancelada. A confirmação do retorno do Salão em 2024, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reforça a importância do evento para o setor automobilístico. O objetivo agora é consolidar a periodicidade bienal, garantindo que o Salão do Automóvel continue sendo uma vitrine relevante para a indústria automotiva no Brasil, com foco em aprimorar a experiência do visitante e atrair ainda mais marcas inovadoras para as próximas edições, especialmente em relação à infraestrutura de carregamento para veículos elétricos e a qualidade dos test-drives.
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