Sonho Americano Virou Pesadelo: Financiamento de Carros Atinge 100 Parcelas e Consumidores Afogam-se em Dívidas

A busca pelo carro próprio nos Estados Unidos se transformou em um desafio financeiro colossal. Com preços estratosféricos e juros em alta, o financiamento se tornou a única alternativa para a maioria dos consumidores, mas a conta está pesando cada vez mais no bolso, com prazos que chegam a mais de oito anos para quitar um veículo.

Os números divulgados pela Experian revelam um cenário alarmante: mais de 80% dos compradores de carros novos nos EUA recorreram a crédito no último trimestre. A parcela mensal média já ultrapassa os US$ 748 (aproximadamente R$ 4.100), sem sequer incluir os custos essenciais de seguro, combustível e manutenção. Essa realidade impõe uma pressão financeira significativa sobre os lares americanos.

Para tentar viabilizar a compra, muitos consumidores têm estendido os prazos de pagamento de forma drástica. Seis anos já era a média de financiamento para carros novos, mas agora é comum encontrar contratos de 84 meses, e não são raros os casos que ultrapassam os 100 meses, configurando uma dívida que se estende por mais de oito anos. Embora a parcela mensal possa diminuir com prazos mais longos, o custo total do financiamento dispara, com milhares de dólares extras gastos apenas em juros.

O Custo Elevado do Sonho Automotivo

O valor médio financiado para um carro novo atingiu US$ 42.332, com uma taxa de juros média de 6,56% ao ano. No entanto, essa média esconde realidades ainda mais duras para quem possui um histórico de crédito menos favorável. Compradores com pontuação de crédito considerada “subprime” (entre 300 e 500) enfrentam juros exorbitantes, chegando a incríveis 15,85% ao ano. Mesmo aqueles com crédito “quase prime” (entre 601 e 660) já lidam com taxas de 9,77%, um patamar impensável há poucos anos.

A disparada nos preços dos veículos novos, que ultrapassaram a marca histórica de US$ 50 mil em setembro, agrava ainda mais a situação. O impacto dos juros e dos longos prazos de pagamento torna o financiamento de um carro tão oneroso quanto uma hipoteca, mas sem a contrapartida de um ativo que tende a se valorizar como um imóvel. Essa conjuntura financeira desafiadora tem levado muitos americanos a um ciclo vicioso de endividamento, trocando de carro ainda com dívidas do anterior.

Veículos Usados Não São Refúgio

A esperança de encontrar uma alternativa mais acessível no mercado de carros usados também tem se mostrado frustrante. A média de financiamento para veículos usados está em US$ 27.128, com parcelas mensais em torno de US$ 532 (cerca de R$ 2.900). Os juros para esses carros são considerados altíssimos, na casa dos 11,4% ao ano, e os contratos duram em média 67 meses, quase o mesmo tempo que os de veículos novos.

Um dado preocupante é que apenas 35% dos compradores de usados conseguiram financiar seus veículos, indicando que uma parcela significativa da população não está conseguindo arcar com as condições atuais do crédito. Essa dificuldade em obter financiamento para carros usados reforça a ideia de que o mercado automotivo americano como um todo está se tornando inacessível para muitos.

Impacto da Pontuação de Crédito

A pontuação de crédito desempenha um papel crucial nas condições de financiamento. Consumidores com score alto (entre 781 e 850) conseguem taxas de juros mais baixas e parcelas menores, em torno de US$ 727 por mês. Em contrapartida, aqueles com pontuação mais baixa, mesmo com parcelas semelhantes de US$ 748, recebem empréstimos menores e pagam juros significativamente mais altos, evidenciando a desigualdade no acesso ao crédito automotivo.

A situação atual do mercado automotivo nos EUA, conforme dados recentes divulgados pela Experian, aponta para um cenário onde o sonho do carro próprio está se tornando um fardo financeiro pesado para milhões de norte-americanos, com prazos de pagamento estendidos e custos totais de financiamento cada vez mais elevados.