Toyota e Honda em Queda Livre: Vendas na China Despencam e Impactam Produção Global, Montadoras Japonesas Lutam Contra Crise e Tensões Geopolíticas

A Toyota e a Honda, duas das maiores montadoras do mundo, enfrentam um cenário desafiador com a acentuada queda nas vendas e na produção global, impulsionada principalmente pela retração do mercado chinês. O fim dos programas de subsídios para veículos na China afetou diretamente o desempenho das empresas, sinalizando um alerta para todo o setor automotivo.

A desaceleração em mercados estratégicos como a China e outros, somada a incertezas econômicas, mudanças regulatórias e tensões geopolíticas, coloca as montadoras japonesas em uma posição delicada. A busca por adaptação e novas estratégias se torna crucial neste contexto de transformações.

Conforme dados divulgados pela própria Toyota, as vendas globais da companhia, incluindo suas subsidiárias Daihatsu e Hino, registraram uma queda de 1,9% em novembro, totalizando 965.919 unidades. A produção global também sentiu o impacto, com um recuo de 3,4%, totalizando 934.001 veículos fabricados no mês, segundo informações divulgadas pela empresa.

China: O Epicentro da Crise para as Montadoras Japonesas

Na China, o impacto foi ainda mais severo. As vendas das marcas Toyota e Lexus despencaram 12% após o encerramento de programas de incentivo à troca de veículos em grandes centros urbanos. Este cenário é agravado pelo ambiente diplomático, onde declarações recentes da primeira-ministra japonesa sobre Taiwan geraram desconforto em Pequim, levando a alertas contra viagens ao Japão.

A produção da Toyota na China sofreu uma queda significativa de 14%. No Japão, o recuo foi de 9,7%, e no Reino Unido, de 7,9%. Em contrapartida, a Tailândia apresentou alta de 15% e os Estados Unidos, 9% na produção da montadora japonesa.

Honda em Queda Livre e Desafios com Semicondutores

A Honda também sentiu fortemente os efeitos do mercado chinês, combinados com a persistente escassez de semicondutores. A empresa registrou uma queda de 15% nas vendas globais em novembro. Na China, a retração foi ainda mais drástica, com uma redução de 34% nas entregas, marcando o 22º mês consecutivo de baixa no país.

Os Estados Unidos também apresentaram dificuldades para a Honda, com problemas relacionados a chips provocando uma queda de 61% na produção da região. Adicionalmente, a fabricante japonesa precisou fechar temporariamente fábricas na China e no Japão durante as festas de fim de ano, intensificando os desafios.

Nissan com Desempenho Divergente e Olhar para o Futuro

Em contraste, a Nissan demonstrou um desempenho ligeiramente melhor. Sua produção global caiu 4,2%, mas a operação chinesa registrou um crescimento notável de 22%, impulsionada pelo sucesso dos modelos elétricos N6 e N7. Apesar disso, as vendas globais da Nissan caíram 4,9% em novembro, mantendo a pressão sobre a recuperação da marca.

Paralelamente, a decisão da União Europeia de flexibilizar a proibição de motores a combustão oferece um respiro para montadoras tradicionais, incluindo as japonesas, que possuem forte presença no segmento de híbridos. Contudo, essa mudança pode também abrir portas para a expansão de veículos elétricos chineses na Europa, intensificando a concorrência.

Nos Estados Unidos, a Toyota busca atender às exigências locais com estratégias políticas e comerciais, anunciando inclusive a exportação de três modelos produzidos em solo americano de volta ao Japão. Essa medida visa alinhar-se às preferências de figuras políticas americanas, que têm discutido tarifas para veículos asiáticos e a possibilidade de entrada de carros compactos no mercado americano, mesmo que não atendam integralmente às normas de segurança.

Em um cenário marcado por constantes transformações e tensões geopolíticas, as grandes montadoras japonesas seguem em uma jornada de equilíbrio, buscando adaptar suas estratégias globais a um mercado cada vez mais imprevisível e competitivo.